Monday, April 04, 2005

Dor e doença oncológica


[Korad]

A dor aparece em cerca de 40 % dos doentes oncológicos e está presente em cerca de 70% dos doentes em fase terminal. A sua existência está determinado pelo tipo de tumor e pela sua extensão e é mais frequente em tumores ósseos, tumores da cabeça e pescoço, gástrico e génito-urinário, é no entanto, pouco frequente em linfomas e leucemias. A sua etiologia pode ser devida a causas diversas: invasão directa do tumor, secundário ao tratamento, outras causas (GONZÁLEZ BARÓN e RODRÍGUEZ LÓPEZ, 1996).
Para HOGAN e XISTRIS (1990) as neoplasias provocam dores por cinco alterações: destruição dos ossos, que consideram ser a mais frequente, obstrução de lúmens (vísceras ou vasos), envolvimento nervoso periférico, pressão dos tumores em crescimento, infecção ou necrose do tecido.
A terapia da dor é de extrema importância. Segundo os últimos autores referidos, a terapia médica da dor na fase precoce centra-se, apenas, na terapia ao cancro. Na fase tardia, a sua terapia é através de analgesia, neurocirurgia e bloqueios nervosos.
ALBACAR CALLABÉ (1992), refere que um dos aspectos mais aterradores da doença neoplásica é a dor física que se pode traduzir em transtorno psíquico. A dor é uma realidade complexa e não apenas uma reacção sensorial. A reactividade à dor, assim como a percepção da sua intensidade encontram-se modulados em cada indivíduo por seu meio sócio-cultural e são determinadas pela dimensão psicológico interpretativa que depende da história individual de cada pessoa no seu próprio contexto.
O mesmo autor refere ainda, que a dor pode ser de tal forma insuportável que o doente centra a sua atenção na sua dor alterando todos os aspectos da sua vida: afectividade, trabalho e relações sociais O doente pode sentir medo sobretudo do sofrimento prolongado, da solidão da incerteza face ao futuro.
GONZÁLEZ BARÓN e RODRÍGUEZ LÓPEZ (1996), consideram que a existência de dor no cancro pode traduzir um transtorno no processo normal, interpretação e valorização da própria situação que consideram fundamental para que o sujeito possa reagir ao stress produzido pelo cancro e/ou tratamento. Pode aumentar assim a vulnerabilidade e poderá levar o indivíduo a situações limites se não dispõe de apoio psicoafectivo e espiritual adequado.

Bibliografia
GONZÁLEZ BARÓN, S.; RODRÍGUEZ LÓPEZ, M. - El dolor. I: Fisiopatologia. Tipos. Clínica. Sistemas de medición. In González BARÓN, M., et al - Tratado de medicina paliativa Y tratamiento de soporte en el enfermo com cáncer. Madrid: Editorial Médica Panamericana S.A., 1996.ISBN 84-7903-223-5. p. 438-464.

ALBACAR CABALLÉ, É. - Enfermedad neoplásica y estrés. In ESTAPÉ, Jordi; DOMÉNECH, María - Enfermeria e cancer. Barcelona: Doyma, 1992. ISBN 84-7592-501-4. p. 297-302.

HOGAN, Rosemarie; XISTRIS, Deanna M. - Cancro. In PHIPPS Wilma J.; Long, Barbara C.; WOODS, Nancy Fugate - Enfermagem médico-cirúrgica: conceitos e prática clínica. 1ª ed. Lisboa: Lusodidacta, 1990, vol. 1. ISBN 972- 95399-0-I. p. 331-397.

Em pesquisa na ProQuest encontrei um estudo que complementa esta pesquisa bibliográfica, intitulado Pain management in paliative care:a case study, publicado pelo Journal of Community Nursing em Março de 2005. É um estudo de caso que se refere á forma de gestão da dor nas mulheres com metástases ósseas.Este artigo apresenta-se também traduzido em Português.

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